IRS Jovem
IRS Jovem: Um Benefício Pouco Conhecido e com Impacto Limitado?
Um Passo em Direção à Justiça Fiscal
A análise baseia-se nas suas respostas às seguintes questões:
- Se já tentaram beneficiar do IRS Jovem, como foi o processo de declaração? Enfrentaram dificuldades?
- Estão cientes da isenção parcial até cinco anos após o início da carreira e consideram-na suficiente?
- Acreditam que a isenção de até 3.291€ por ano é significativa perante o custo de vida em Portugal?
- O requisito de apresentar a declaração individual desincentiva quem vive com os pais?
- Consideram que o IRS Jovem é suficientemente divulgado? O que poderia ser feito para aumentar o conhecimento e a adesão ao programa?
Tentativas e Dificuldades no Processo de Declaração
O processo de declaração do IRS Jovem, embora intuitivo e relativamente simples para alguns, não está isento de obstáculos. Carla, por exemplo, tentou beneficiar da medida este ano, mas a sua candidatura foi recusada porque concluiu o curso em 2017, enquanto o IRS Jovem exige que o último diploma tenha sido obtido após 2020. Para Carla, esta restrição é incoerente, já que a maioria dos jovens com menos de 35 anos tem o seu diploma antes dessa data. Joel beneficiou do programa durante três anos, mas enfrentou dificuldades quando tentou prolongar o benefício devido às alterações nas regras e à necessidade de comprovação da elegibilidade. A simples adoção do programa tem sido um desafio adicional para aqueles que não estão familiarizados com o processo fiscal. Muitos jovens, especialmente os que vivem com os pais, podem não ter o conhecimento necessário para preencher a declaração de IRS de forma autónoma, o que pode desincentivar a adesão. Joel refere que muitos jovens preferem evitar o processo devido à complexidade, optando por manter-se no agregado familiar dos pais para beneficiar das deduções fiscais mais vantajosas, o que, para ele, acaba por prejudicar a adesão ao IRS Jovem.

"Eu acho que não é coerente recusar candidaturas anteriores a 2020, pois o programa IRS JOVEM deveria abranger TODOS os jovens com menos de 35 anos."
Sara e Margarida, por outro lado, nunca usufruíram do IRS Jovem: Sara por não reunir as condições necessárias e Margarida por até agora não ser qualificada, embora a nova alteração para 2025 possa abranger jovens até aos 35 anos, licenciados ou não.
A Isenção é Suficiente?
A isenção parcial de até 3.291€ por ano é vista como uma ajuda importante, mas limitada, especialmente num contexto de elevados custos de vida em Portugal, particularmente nas grandes cidades. Para Carla, a isenção parcial é insuficiente para facilitar a transição para a vida profissional, embora considere um bom ponto de partida. Joel reconhece que pode ser suficiente para alguns jovens, dependendo do estilo de vida e área de trabalho, mas considera que um regime mais ajustado individualmente teria maior impacto. Sara compartilha dessa visão, destacando que a medida alivia algumas pressões financeiras, mas não resolve problemas estruturais, como os baixos salários iniciais. Para ela, a solução não está apenas em benefícios fiscais, mas também em políticas estruturais, como subsídios de habitação e incentivos às empresas para contratar jovens, de modo a garantir que as primeiras experiências de trabalho sejam também sustentáveis economicamente.

"O IRS Jovem é uma ajuda, mas a verdadeira questão está nos salários baixos e na falta de oportunidades para os jovens."
Margarida, por outro lado, considera que o valor da isenção pode ser interessante, mas depende muito do rendimento de cada jovem. Ela aponta que a maior parte da juventude portuguesa, especialmente aqueles em início de carreira, recebe salários baixos, perto do salário mínimo, o que limita a utilidade da isenção. A sua proposta para tornar o programa mais eficaz seria o aumento dos salários, uma medida que, ao lado da isenção, poderia realmente fazer a diferença na vida dos jovens.
Declaração Individual: Um Obstáculo?

Uma das maiores críticas ao IRS Jovem tem sido a exigência de que os jovens apresentem a declaração de IRS de forma individual. Esta exigência pode ser um obstáculo significativo para aqueles que ainda não atingiram a plena autonomia financeira e que dependem dos pais. A exigência de apresentação individual desincentiva quem vive com os pais, na opinião de Sara e Joel, uma vez que as deduções fiscais do agregado familiar muitas vezes compensam mais do que o IRS Jovem. Margarida ressalta que os pais tendem a optar por incluir os filhos na declaração conjunta para beneficiar o agregado familiar.
Por outro lado, a falta de conhecimento sobre o IRS Jovem é uma constante entre os jovens. Embora o programa tenha sido amplamente divulgado em alguns círculos, a maioria dos jovens não conhece a fundo as condições e benefícios associados a ele. Carla, que vive em Portugal há sete anos, só tomou conhecimento do programa há dois anos. Ela acredita que a comunicação sobre o IRS Jovem deveria ser mais abrangente e direcionada a todos os jovens que possam beneficiar, e propõe que se utilizem as redes sociais, campanhas televisivas e até o envio de notificações por parte das Finanças para garantir que todos os jovens conheçam as condições para aderir.
"A medida é importante mas não é suficiente para apaziguar os desafios que os jovens enfrentam na transição, como o baixo salário e a escassez de oportunidades."
Para Joel, a comunicação também é insuficiente, mas ele sugere que a literacia financeira fosse promovida desde o ensino básico, através de programas escolares que abordassem temas como o IRS, a autonomia fiscal e os direitos e deveres dos cidadãos em relação aos impostos. Esta abordagem poderia preparar os jovens de forma mais eficaz para a vida adulta e garantir que estivessem mais informados sobre as opções disponíveis para eles. Margarida acredita que o tema é discutido, mas sugere que a comunicação deveria começar aos 18 anos, com esforços direcionados às faixas etárias elegíveis."Penso que em Portugal este tipo de informações não é muito bem passada na cultura, então muitas das vezes as pessoas optam por planos mais básicos e fáceis."
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